Quantos
bilhões vale a obra de Moro para o capital? O Brasil na bacia das almas…
POR FERNANDO BRITO · 17/01/2016
A Folha diz hoje que os fundos de
investimento – leia-se grandes grupos estrangeiros e nacionais, sobretudo
bancos têm 25 bilhões de dólares – ou R$ 100 bilhões de reais – para comprar
empresas em países emergentes, aproveitando a crise.
E que o
Brasil é um deles onde os “principais alvos são empresas de energia, concessões
na área de estradas, aeroportos e saneamento pertencentes a grupos envolvidos
na Operação Lava Jato”.
É obvio que,
graças ao Dr. Sérgio Moro tratar dos crimes cometidos não como eventos a serem
punidos e ressarcidos, mas como uma cruzada de demolição destes conglomerados
empresariais, as bocarras se abriram para engolir as empresas em um dos poucos
setores onde o capital nacional ainda fazia frente ao estrangeiro.
“O Brasil tem boas empresas, o mercado interno é grande, e está barato”,
diz Flávio Valadão, diretor da área de fusões e aquisições do Santander.
“Hoje é
possível comprar uma empresa de R$ 1 bilhão com US$ 250 milhões. Não dava para
fazer isso no primeiro semestre do ano passado”, diz à Folha Marco
Gonçalves, dirigente do honestíssimo banco BTG Pactual, ele próprio em processo
de “depenação” depois da descoberta das falcatruas de seu controlador (ou não,
porque desde o Amador Aguiar eu ponho pouquíssima fé nesta história
de bancário que vira banqueiro), André Esteves.
Nestes
negócios privados, como todos sabem, ninguém leva dinheiro. Negociam-se bilhões
com um ascetismo daquelas imagens que assistem, plácidas, o que se passa nos
bordéis. São todos santos, puros, honestos como um frade capuchinho.
Com
serenidade e responsabilidade, os milhões de reais surrupiados
pelos “ladrões de carreira” da Petrobras estariam sendo recuperados talvez até
com mais eficiência. Mas, em lugar disso, estamos vendo se esvaírem – no santo
e puro “altar” do “Deus Mercado” bilhões de reais de patrimônio empresarial
brasileiro.
Em lugar de
gravar o patrimônio pessoal dos empreiteiros, destrói-se o das empresas, que
têm (ou tinham) poder para investir, empregar e realizar.
Os
acordos de leniência, que os procuradores da Lava Jato se esforçam –
amplificados pela mídia – em barrar, seriam isso: a empresa paga pelo que fez,
em dinheiro; os empresários pagarão – ou não, segundo seu julgamento – com sua
liberdade e seus bens.
“Este parece ser um momento único na história, pela quantidade de bons
ativos de empresas brasileiras que podem ser colocados à venda”
A frase,
do diretor gerente do banco Morgan Stanley, Alessandro Zema, seria
traduzida pela minha avó como “meu filho, estão vendendo tudo na bacia das
almas”.
A simplória
D. Innocência Barbosa, com seu quinto ano primário de Conservatória, uma
das vilas mortas do café no Vale do Paraíba, resumia o que o letrado professor
de Economia da Unicamp da Unicamp, Fernando Nogueira da Costa define com
erudição: “Na
bacia das almas” é expressão que se usa para designar a situação de alguém que
está passando grande dificuldade e tem de vender algo o mais rapidamente
possível, consequentemente, por um preço bem abaixo do que se obteria em
circunstâncias normais. A expressão provém dos preparativos para o sacramento
da Extrema Unção, quando a bacia em que se colocavam os óleos, unguentos e
paramentos do sacerdote ficavam ao lado do moribundo.
O Dr. Sérgio
Moro acha, talvez, que isso “não vem ao caso”.
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publicado em 17 de janeiro de 2016 às 21:09 no site VIOMUNDO
Por: Conceição Lemes
Em 29 de dezembro de 2015, portanto há 19 dias, o deputado
federal Paulo Pimenta (PT-RS), relator da subcomissão da Câmara que acompanha a
Operação Zelotes, reuniu-se com o delegado Rogério Galloro, diretor-geral
substituto da Polícia Federal, e fez vários questionamentos, entre os quais:
* Por que estão paradas as investigações que apuravam
desvios de R$ 20 bilhões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf)
da Receita Federal? As investigações
apontaram que os conselheiros do Carf recebiam propina para anular multas de
grandes empresas com a Receita Federal.
* Por que denúncias contra grandes sonegadores envolvidos no
escândalo do Carf, como Bradesco, Santander, Mitsubishi, Gerdau, Grupo RBS, que
eram o objetivo inicial da Operação Zelotes, nunca apareceram?
* Por que a Polícia Federal mudou o foco da Lava Jato e
abriu uma investigação paralela para apurar a compra de medidas provisórias no
governo federal?
Agora, Paulo Pimenta pretende fazer esses mesmos
questionamentos ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em encontro que
deve acontecer nos próximos dias.
“Eu quero falar com o ministro sobre vários assuntos”,
antecipa o deputado. Um deles, claro, é a Operação Zelotes. Outro, a lista dos
brasileiros que tinham contas secretas
no HSBC da Suíça. Quero saber como evoluiu a investigação.”
A partir daí seguiu a entrevista exclusiva do deputado Paulo
Pimenta ao Viomundo.
Viomundo – As investigações da Operação Zelotes estão paradas mesmo?
Paulo Pimenta – Eu não tenho a menor dúvida que sim. Até
junho do ano passado, ela vinha avançando de uma maneira. A partir de lá, tenho
a nítida impressão de que houve desaceleração de diligências, de
encaminhamentos…
Considero a Zelotes o maior escândalo de corrupção que se
tem notícia na história recente do País. Foram identificados indícios de venda
de sentenças em 74 decisões do Carf. Envolve quase R$ 21 bilhões.
Viomundo — Esses R$ 21 bilhões são de casos julgados. E não
julgados?
Paulo Pimenta – Hoje nós temos no Carf mais de R$ 500
bilhões em julgamentos a serem realizados. Portanto, um tema de enorme
relevância. Eu acho que deva ser dada prioridade a essa investigação dos
grandes sonegadores, do esquema criminoso que se montou e envolveu setores da
burocracia do Estado, especialmente ex-auditores da Receita Federal, com
empresas de consultoria e escritórios de advocacia.
Viomundo – Mas a Zelotes pegou outro caminho, a da venda de
medidas provisórias, que visa atingir o filho do ex-presidente Lula e o próprio
Lula. Por que essa mudança de direção?
Paulo Pimenta – Há uma visão teórica que capturou setores da
burocracia de Estado, que envolve Polícia Federal, Receita Federal, setores do
Ministério Público Federal e do próprio Judiciário, que definiram a
estratégia de que, nesse período do nosso país, você precisa ter
apoio da opinião pública, especialmente da grande mídia, para que as ações
desenvolvidas por esses setores tenham êxito.
Não tenho nenhuma dúvida de que esse é o elemento
central da Zelotes. Havia uma
investigação principal da Zelotes que era sobre os esquemas de venda de
sentença dentro do Carf.
A partir de um determinado, foi aberta uma segunda linha de
investigação que era a possibilidade de venda de medidas provisórias.
E partir dessa segunda linha de foi aberta uma terceira: empresas que têm
contratos com empresas envolvidas na investigação sobre venda de medidas
provisórias. Ela é uma derivação da
segunda linha de investigação, sendo que a principal simplesmente foi colocada
num segundo plano.
Viomundo — Por quê?
Paulo Pimenta — Porque as empresas envolvidas na Zelotes são
os principais anunciantes mídia brasileira hoje em dia. Você tem os principais
bancos , as principais indústrias de cerveja, companhias telefônicas e a
imprensa propriamente dita.
Então, dentro dessa lógica, que foi absorvida por setores da
burocracia do Estado, é um tema que não interessa, pois não terá respaldo da
mídia, consequentemente não terá o respaldo da opinião pública.
Viomundo – O que vai ao reivindicar ao ministro?
Paulo Pimenta — Estou
fazendo esforço para que seja retomado o foco da investigação. Querem
investigar outras coisas? Ok. Não sou contra. Investiguem.
Mas existe uma organização criminosa que está instalada
dentro do Carf, que é um dos principais órgãos da Receita Federal. O esquema
conta também com a participação de ex-auditores da Receita, escritórios de advocacia, que juntos permitiram a sonegação de R$ 21
bilhões.
Portanto, isso não pode ser considerado como algo de menor
relevância simplesmente porque a mídia
não gosta do assunto, porque nos intervalos do Jornal Nacional aparecem
propaganda desses denunciados, porque a RBS, parceira da Globo no Sul do
Brasil, é uma das empresas acusadas da fraude.
Viomundo – Sabe como está a investigação do caso HSBC? A
impressão que se tem é que está parada.
Paulo Pimenta — No caso da investigação do HSBC, em determinado
momento, o Ministério da Justiça assumiu este tema junto com a Procuradoria
Geral da República (PGR). Eu não sei como ela evoluiu. Eu pretendo pedir ao
ministro informação sobre em que pé ela se encontra agora.
De qualquer forma, como o tema HSBC revelou que praticamente
toda a grande mídia brasileira e o sistema financeiro estão envolvidos, o tema
não “ interessa” para aqueles setores do Estado que deveriam fazer a
investigação.
Viomundo – A atuação da CPI do HSBC até agora foi pífia. O
que se percebeu é que várias pessoas que deveriam depor foram deixadas de lado,
acobertadas…
Paulo Pimenta – Com
certeza.
Viomundo – Na semana passada, o governo francês decidiu
enviar à CPI a lista dos brasileiros que tinham conta no HSBC na Suíça. Se isso
se confirmar, pode provocar um terremoto?
Paulo Pimenta — A
revelação e a investigação sobre as contas do HSBC vão nos permitir saber não
só quem são os donos mas entender qual origem deste dinheiro depositado no
exterior. Qual o evento que proporcionou este capital escondido na Suíça. Ele
será revelador de um período nebuloso da
nossa história. As grandes privatizações da FHC serão melhor compreendidas.
Viomundo – Pelo que o senhor disse um pouco atrás, as investigações da Zelotes original e do HSBC estão devagar
porque os responsáveis pelo andamento delas — Polícia Federal, Ministério
Público Federal, Judiciário e Receita Federal — acreditam que não terão
apoio da grande. Será que essas investigações também não avançam porque setores
desses órgãos compartilham das mesmas posições políticas dos denunciados, ao
mesmo tempo que todos são contra o governo Dilma e o PT?
Paulo Pimenta – Com certeza. Setores da burocracia de Estado
foram capturados por um projeto de poder que visa destruir o nosso projeto, o
nosso legado. Esses setores capturaram a burocracia de Estado claramente com o
objetivo de alcançar interesses políticos, partidários, corporativos,
particulares. Eles se sobrepuseram ao interesse público obrigatório nas
carreiras de Estado como essas que nós estamos mencionando. Estão violando o
interesse público.
Nós temos hoje segmentos que trabalham de maneira articulada
contra um projeto político-majoritário que foi vencedor da eleição. Nós temos
de denunciar essa ideia na sociedade. Eu quero conversar com o ministro também
sobre isso. São coisas muito graves que estão acontecendo.
Viomundo – E o vazamento seletivo de depoimentos
confidenciais e investigações de maneira seletiva?
Paulo Pimenta — É um
atentado ao estado democrático de direito. O presidente Lula foi chamado para
dar depoimento na condição de informante numa investigação na Polícia Federal.
Isso aconteceu numa terça-feira. Na quinta-feira, o Jornal Nacional divulgou o
depoimento na íntegra.
A cópia que o presidente Lula e os seus advogados receberam
tinha marca d’ água. Ou seja, a reprodução seria identificável. Existia só uma segunda cópia que estava de
posse da Polícia Federal. Se não foi o presidente Lula que entregou o seu
depoimento para o Jornal Nacional, quem entregou?
O vazamento criminoso de documentos sigilosos de posse da
Polícia Federal, Ministério Público
Federal, Supremo Tribunal Federal, com o objetivo claro de direcionar de
maneira seletiva uma investigação ou uma suspeição de uma pessoa não pode ser
tratado como algo natural.
Isso tem que ser criticado. Nós não podemos imaginar aquela
visão romântica que muitas vezes as pessoas têm da Receita Federal, PF, MPF, do
próprio Judiciário, de que todos são isentos, imparciais… Só que essa não é a
realidade.
Alguns delegados, auditores, juízes têm postado nas redes
sociais algumas coisas que, do meu ponto de vista, estão completamente em
desacordo com as suas prerrogativas funcionais.
Alguns exemplos. Delegado da Polícia Federal postar charge
do ministro Cardozo na forma de cachorro. Ou na coleira como se fosse a
presidência da República. Montagem do presidente Lula algemado. Da presidenta
Dilma vestida da palhaça. Ou uma foto de treinamento de tiro ao alvo em que a
foto da Dilma é o alvo.
Se agir assim está dentro das prerrogativas funcionais e
essas pessoas conduzem as investigações, ok. Então , eu me reservo o direito de
condenar. Mas eu quero que o ministro
Cardozo me diga que isso está dentro das prerrogativas funcionais dos agentes públicos.
Viomundo – No caso da Zelotes, ao deixar de investigar a
linha principal, os agentes públicos – no caso, aqui a Receita Federal – não
estariam prevaricando?
Paulo Pimenta – Vamos ver o ministro tem a dizer. Uma coisa
é certa: a gente não pode aceitar que
existam investigações que interessam e investigações que não interessam pelo
fato de não ter cobertura da grande mídia.
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Os planos da Netflix e do Youtube para fechar a Globo
Quero ver o Brasileirinho sem o Corinthians - Bozó
O Conversa Afiada presta singela homenagem à Rede Globo de
Televisão, que faz "a melhor televisão do mundo", como dizem os que
chamam os filhos de Roberto Marinho pelo nome próprio - que eles não tem...
Segundo o Valdir Macedo, sábio informante do Conversa
Afiada, a sorte da Globo é que só o Brasil fala português.
Ela foi protegida pela barreira da língua.
Não fosse isso, com a proliferação de produtores globais de
conteúdo, em inglês, teria morrido mais cedo.
(Se isso a protegeu, ponderou o ansioso blogueiro, também a
limitou - porque ela jamais conseguiu ser uma produtora mundial de conteúdo.
Não aprendeu a falar inglês, como, aliás, não aprenderam os filhos do Roberto
Marinho - são "mono mentais", como se dizia o Ibrahim - ler em
"Colonistas, sólidos, liíquidos e gasosos").
Mas, a tecnologia fará com que a Globo morra gorda, como diz
o ansioso blogueiro.
É o que demonstram o Samuel Possebon e o André Mermelstein,
da respeitada e inigualável publicação Teletime, sob a batuta de Rubens
Glasberg.
A Netflix e o Youtube Red, do Google, preparam as exéquias
da Globo.
Que vai ter a serventia daquele U-matic da Sony que vovô
ganhou de Papai Noel.
Artigo de André Mermelstein e Samuel Possebon:
A corrida secreta da Netflix
O ano começou movimentado para o mercado de TV com o recente
anúncio da expansão global da Netflix a 190 países. Saudada como a
"primeira empresa global de TV", a nova estratégia já era esperada e
está sendo testada há alguns anos. Tanto é que o próprio CEO da Netflix, Reed
Hastings declarou à Tela Viva, que cobriu o lançamento da nova estratégia na
CES, em Las Vegas, que a experiência da expansão para mercados como o Brasil
seria fundamental nessa nova etapa da Netflix.
Passado o oba-oba inicial, com volumosa cobertura de
imprensa e uma reação mais comedida do mercado financeiro, é possível fazer uma
leitura ponderada do significado desta nova estratégia. O resumo é simples:
pressa.
A Netflix precisa aproveitar o bom momento para ganhar
espaço nos mercados em que não está antes que outras empresas o façam.
Experiências como a do Brasil, em que a infraestrutura de banda larga é
limitada, a renda média é baixa e a competição no mercado de TV paga é
acirrada, certamente ajudam a Netflix nessa investida. O mundo tem mercados
muito mais desafiadores do que o Brasil, como a Índia.
O que está determinando a pressa da Netflix é o fato de que
os grandes estúdios produtores de conteúdo estão, de um lado, planejando ou
lançando serviços próprios, como o HBO Go (o próprio Hastings já havia declarado
que queria se tornar uma HBO antes que a HBO se tornasse uma Netflix). Além
disso, os estúdios estão estimulando como podem o surgimento de operações
concorrentes, e muitas estão dando certo. Na França, México e Reino Unido, para
citar alguns mercados importantes, há grandes provedores locais de VOD. E não
custa lembrar que Google e Apple também têm ofertas de conteúdos on-demand
globais, e o Google começa a seguir o caminho da Netflix com o Youtube Red
(ainda não disponível no Brasil), no modelo de assinatura. Dizer que a Netflix
é a primeira empresa global de TV é um pouco impreciso. Talvez seja a primeira
empresa de VOD global, mas CNN, ESPN e HBO adotaram estratégias de globalização
há muito mais tempo e têm um alcance mundial há pelo menos duas décadas.
O outro fator de pressa da Netflix são os seus custos. A
empresa tem enfrentado negociações cada vez mais duras com os detentores de
conteúdo, o que aperta suas margens cada vez mais. A estratégia de investir
pesado em produção própria (mais uma vez, seguindo o exemplo do que a HBO fez
há mais de uma década) é não só uma tentativa de se diferenciar de outros
serviços de VOD com ofertas muito parecidas mas, sobretudo, uma tentativa de
melhorar as margens e a dependência dos grandes estúdios. O movimento de avanço
a novos mercados mundiais ajudará a empresa a ter escala e acesso a novos
mercados consumidores, mas também a ampliar seu leque de produtores de
conteúdos parceiros e espaços para produções próprias, reduzindo a dependência
dos estúdios de Hollywood.
Para o mercado de produção, a notícia é sem dúvida positiva.
Trata-se de mais uma janela, um buyer de peso no mercado, com potencial para
alavancar uma produção em escala global quase instantaneamente. Basta ver a
velocidade com que Wagner Moura passou de artista reconhecido apenas no Brasil
a celebridade mundial em poucas semanas. É uma oportunidade para a produção
brasileira ganhar destaque em novos mercados (embora sujeita ao filtro da
própria Netflix, que em última instância definirá o que entra ou não em seu
acervo, e o que será recomendado a seus assinantes).
Mas esta expansão internacional não acontecerá sem dores,
como quis dar a entender Reed Hastings na apresentação à imprensa. Ele disse,
sempre sorrindo, que a adaptação às realidades locais será simples e gradual,
dependendo apenas do aprendizado de cada região. Mas será complexo lidar com
realidades tributárias e regulatórias de 190 países. É de se imaginar que
muitos países não ficarão tão felizes em receber um player que cobra em dólares,
no exterior, e não responde às autoridades locais. O Brasil, por exemplo, já
começou a discutir uma regulamentação local para o VOD, e outros países estão
no mesmo caminho.
A Netflix é, ao lado do Youtube, a empresa que mais mudou o
mercado de TV nos últimos 10 anos. Do ponto de vista de definição de um produto
de referência e de um modelo de negócio de sucesso, a Netflix é até mais
relevante do que a plataforma de vídeos online do Google.
A empresa, no entanto, não está imune às investidas dos
demais players do mercado de mídia, mas seu problema maior não são as
operadoras de TV por assinatura ou as emissoras de TV aberta. A corrida é contra os grandes estúdios, que
hoje produzem conteúdos audiovisuais de massa em quantidade e qualidade nunca
antes vistas na história da televisão e que se deram conta de que, ao
licenciarem seus conteúdos para a Netflix como fizeram, permitiram o surgimento
de um player que ganhou dimensões além do imaginado. Reed Hastings consegue,
hoje, com uma base de quase 70 milhões de usuários, dar as cartas em uma
negociação por direitos. Os estúdios estão reagindo, esticando a corda e
alimentando os concorrentes. Por tudo isso, a Netflix tem pressa.
Artigo de André Mermelstein, de Las Vegas
Para YouTube, música, diversidade e realidade virtual
impulsionarão vídeo online
O chief business officer do YouTube, Robert Kyncl, voltou à
CES deste ano, quatro anos após sua última participação. Na época, ele fez
previsões sobre o futuro do vídeo online.
Ele disse então que até 2020 o vídeo responderia por 90% do
tráfego da Internet, e que 75% de todo o vídeo assistido seria online.
Aparentemente, disse, não só ele estava certo, como as
coisas aconteceram até mais rapidamente do que o previsto. Segundo ele, a marca
de 90% do tráfego da Internet será atingida já em 2019.
O YouTube, conta, tem mais de um bilhão de usuários ao mês,
80% destes de fora dos EUA. E o tempo médio de consumo cresce cerca de 60% ao
ano.
Atualmente o consumo médio global de vídeo está em torno de
5 horas ao dia. "Só perde para o tempo dormindo e o trabalho", disse
Kyncl. A indústria gera US$ 200 bilhões anuais de receita, vindos
principalmente da TV paga, que começa a declinar, segundo o executivo.
Ele conta ainda que o vídeo online superou este ano as redes
sociais como a atividade que consome mais tempo online, com média de 1h15 ao
dia. "O vídeo online será a principal forma com a qual a pessoa passará
seu tempo livre até o fim da década", afirmou.
Quatro razões
São quatro, segundo Kyncl, os motivos pelos quais isso se
dará. O primeiro é a mobilidade. Os celulares, lembra, estão ganhando telas
maiores, com melhor definição de imagem e som, e maior duração de bateria. O
tempo médio diário de consumo de vídeo no mobile é de 40 minutos, segundo ele.
O segundo é a diversidade. A revista Variety, diz, já mostra
que as estrelas do YouTube são hoje mais populares entre os millenials que as
estrelas de cinema ou TV. "Ainda haverá os blockbusters, mas cada vez
menos gente terá o mesmo gosto. Foi assim com o cabo, começou sem muito
dinheiro e apostou nos nichos, como fizeram lá atrás a ESPN, AMC, MTV, CNN.
Quando cresceram, evoluiram para conteúdo original. A HBO e a Netflix fizeram
igual, começaram com licenciamento e depois partiram para a produção
original", disse.
O online segue o mesmo caminho, diz Kyncl. "Mas com
muito mais variedade, porque é uma plataforma democrática, cada um pode criar e
assistir. Não só abarca todos os gêneros, como tem alguns que nasceram na
própria plataforma, como conteúdos de videogames, tutoriais etc". Ele
conta que o YouTube também está investindo em conteúdos originais, com o recém
lançado serviço pago YouTube Red. A ideia, diz, é usar os melhores talentos da
plataforma e criar conteúdos premium com eles. "É atraente para os jovens.
É mais viável ele ser o próximo PewDiePie do que o novo Tom Cruise".
A terceira razão, diz, é a música. "O vídeo é mais
importante do que nunca para a música. Mais da metade dos teens usam o YouTube
para descobrir músicas, até porque temos a maior biblioteca do mundo. E é um
modelo bom também para os artistas, que ao invés de pagar para ser tocado, como
antigamente, hoje recebem pelos views. Pagamos US$ 3 bilhões ao ano para a
indústria de música", conta.
Finalmente, diz Kyncl, a última razão para a explosão do
vídeo online é a experiencia mais imersiva que a da TV. "Vídeos imersivos
em 360° são uma experiência melhor no mobile que na TV".
Ele conta que o YouTube fez uma parceria com a GoPro para
desenvolver uma câmera 360°, e estão pondo estes equipamentos em todos os
YouTube Spaces (estúdios mantidos pela plataforma em várias cidades do mundo
para uso gratuito dos criadores).
A VR (realidade virtual) é uma grande aposta do Google. A
empresa criou e distribuiu o Cardboard, dispositivo de VR de baixo custo, e com
o YouTube deram um espaço para a divulgação destes vídeos.
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Manipulação prejudica Petrobras e o país
DO BRASIL 247
Não é preciso acreditar em conspirações internacionais para
entender as mudanças recentes no mercado do petróleo e as dificuldades
enfrentadas pela Petrobras para consolidar a posição do Brasil como um grande
produtor mundial, possibilidade aberta pela exploração do pré-sal.
Graças a um editorial publicado pela Folha de S. Paulo em
28/12/2015, é possível constatar que os fatos ocorrem à luz do dia, sem disfarce
nem pudor. Diz o jornal:
”A guerra de preços no mercado de petróleo continua. A Opep,
organização que reúne grandes produtores, reafirmou na semana passada sua
política, vigente desde meados do ano passado, de não restringir a oferta do
óleo no intuito de sustentar o preço.
O impacto foi imediato. O barril, que custava US$ 100 em
setembro de 2014, foi negociado a US$ 36 na semana passada, o menor patamar em
uma década.
A Opep busca derrubar o preço para expulsar do mercado
competidores que têm utilizado novas tecnologias de custo mais elevado.”
Então está combinado.
O chamado “mercado” de energia não se movimenta pela velha
mão invisível imaginada por Adam Smith, pai dos ideólogos atuais da atual
pós-modernidade, mas pela manipulação política de quem tem força para defender
seus interesses e impor a própria vontade em escala global.
A ação coordenada da Opep é instrutiva, mas não chega a
configurar um comportamento novo. Realiza, se possível por vias pacíficas, um
movimento que, em outras circunstâncias, inclusive anos bem recentes, já
produziu uma formidável coleção de golpes de Estado, guerras e intervenções
estrangeiras para garantir o controle político e militar sobre regiões ricas em
petróleo.
Entre os alvos do atual esforço destrutivo da Opep, o jornal
menciona um único caso, dos produtores do xisto norte-americano.
Caberia mencionar, na mesma condição, o pré-sal brasileiro,
já que sua importância no mercado mundial é uma evidência de doer nos olhos.
A dificuldade em reconhecer o interesse brasileiro faz parte
do momento político que vivemos.
Para quem está prioritariamente empenhado no enfraquecimento
a qualquer custo do governo Dilma, não convém apontar para nenhum fator externo
capaz de ajudar a entender racionalmente as dificuldades atuais da maior
empresa brasileira.
Tenta-se explicar – única e exclusivamente – a situação da
Petrobras pela ação de quadrilhas corruptas em seu interior, apoiadas por
supostas medidas imprudentes, de caráter demagógico, do governo Lula. Este é o
foco, a linha.
Nada deve ser feito para estimular uma visão adequada da
Lava Jato e apontar para seus efeitos daninhos para o país, capazes de produzir
uma regressão econômica ainda difícil de avaliar.
Se estamos falando de uma investigação necessária, cabe
reconhecer um retrocesso econômico e político já visível.
Basta recordar que o economista Gesner Oliveira, insuspeito
de qualquer simpatia pelo PT ou por Dilma, calcula que a operação deve produzir
um rombo de R$ 200 bilhões na riqueza nacional e eliminar 2 milhões de
empregos.
São números que dizem a mesma mensagem dos dados oficiais do
Ministério da Fazenda.
Eles desmentem a noção forjada pelo pensamento único de que
a corrupção é o principal escoadouro de recursos que deveriam ser empregados no
desenvolvimento do país.
Mostram a importância da reconstrução de nossos espaços democráticos,
para permitir um debate real sobre as medidas necessárias a retomada do
crescimento.
O desagradável é que já sabemos como será a próxima cena do
filme da Opep. Quando os possíveis concorrentes estiverem de joelhos, incapazes
de reagir, o barril do petróleo irá subir de novo – provocando mais um
agravamento na crise mundial, em particular nos países que não tiverem sido
capazes de assegurar sua autonomia para enfrentar as vacas magras.
Aí, os brasileiros irão lembrar do pré-sal – da mesma forma
que, anos atrás, lembravam do pró-álcool, também ridicularizado pelos
observadores que adoram fingir que acreditam na “economia de mercado” e não
enxergam movimentos de potencias imperiais por trás dos turbantes dos príncipes
feudais da Arábia Saudita.
Cabe esperar, sinceramente, que não seja tarde demais e que
a Petrobras não tenha sido inteiramente comprometida até lá.
LEIA TAMBÉM:
Resultados comprovam viabilidade técnica e econômica do
pré-sal
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A GRANDE MÍDIA NO BRASIL É
ESPECIALISTA NO ASSUNTO !!!
Assistam a esse
trecho do imprescindível documentário Mercado de Notícias, de Jorge Furtado. Para vocês verem como nem tudo o que e capa da
grande mídia e se encontra nas redes - mesmo em grandes sites de
notícia - é verdade!
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"A imprensa praticamente perdeu
o sentido"
"As redes sociais liberaram uma
legião de idiotas, que sempre existiram, mas que antes ficavam quietos. Agora
as pessoas publicam!", diz Jorge Furtado referindo-se à desinformação
generalizada que existe dentro das redes sociais.
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